Crítica | Aggretsuko – 3ª Temporada

Escrito por: Gabriel Santos

em 05 de setembro de 2020

Quando pensamos em Samrio, a primeira personagem que nos vêm a cabeça é sua mascote oficial: Hello Kitty. Porém, nos últimos anos, outra criação da empresa vem ganhando cada vez mais popularidade, principalmente após a parceria com a Netflix, em 2018. Aggretsuko tem como proposta apresentar os dilemas da vida adulta através de animais fofos com características humanas, estrelado por uma panda vermelho que lida com o estresse cantando death metal. Depois de duas temporadas, agora o anime dá mais um passo na trajetória da protagonista, aprofundando-se no universo musical – e não estou falando apenas do karaokê.

Se o segundo ano trouxe um empreendedor visionário e tecnológico, ao estilo Mark Zuckerberg, dessa vez a história novamente busca se modernizar, acompanhando as tendências do Japão. Logo nos primeiros episódios é discutido o vício por jogos eletrônicos em realidade virtual e os consequentes gastos ao bancar um namorado online. Mesmo que esse seja um tema interessante, ele funciona apenas como uma espécie de gancho para a trama principal, que envolve a dificuldade dos jovens adultos em pagar seus boletos e o surgimento de trabalhos/projetos paralelos na tentativa de quitar as dívidas.

É a partir disso que o anime entra de cabeça no universo idol, que é uma verdadeira febre no Japão e faz sentido dentro da proposta. O mais interessante nessa temática é que a série não glamouriza a profissão, que, a princípio, parece um sonho para qualquer jovem que busca a fama cantando e dançando em um palco. Aqui, também são discutidos os desafios de começar na indústria e sair do vermelho, as formas de se diferenciar no mercado, assim como a relação com os fãs, haters e até stalkers, chegando a abordar o assédio físico e virtual.

Felizmente, a transição da Retsuko como contadora até se tornar a vocalista de um grupo de idol é feita de forma orgânica e sem pressa. Por outro lado, é possível perceber que a história acaba se desenvolvendo de forma quase telegrafada. Todos os passos dados pela protagonista, as viradas na trama e as surpresas são óbvias e já esperadas pelo público desde os primeiros episódios, tirando um pouco da atratividade desses eventos.

Por conta da introdução do universo artístico, também temos a adição de novos personagens, que ganham mais tempo de tela e são melhores desenvolvidos que os antigos. Por um lado, isso acaba tirando o brilho de Fenneko, Ton, Anai e outros do escritório de contabilidade, mas, por outro, temos a adição de Hyodo e Manaka, que trazem novas dinâmicas para a vida de Retsuko.

A protagonista mais uma vez precisa enfrentar questões pertinentes da vida adulta, abrangendo diversas áreas, incluindo econômica, pessoal, profissional e amorosa. Ela continua lidando com seus problemas de forma otimista e esbanjando carisma, principalmente pela forma como as situações são relacionáveis e abordadas com tanta sinceridade. Enquanto isso, uma das subtramas mais divertidas envolve o personagem Haida, que é secretamente apaixonado por Retsuko. Esse é o momento em que ele mais se impõe para conquistar a protagonista, precisando tomar decisões difíceis.

De forma geral, esta é uma ótima temporada de Aggretsuko, que ainda não chega ao nível da primeira, mas ainda consegue ser superior à anterior. Ela desenvolve bastante coisa sobre a protagonista e expande o universo da série de forma satisfatória e com um excelente ritmo, facilitando a maratona. Porém, a previsibilidade e a falta de equilíbrio com os coadjuvantes prejudica a experiência. Com um saldo positivo, espero que o sucesso seja suficiente para garantir uma nova temporada e continuemos acompanhando os dilemas da vida de Retsuko.

Crítica | Aggretsuko – 3ª Temporada
A temporada se diferencia por focar ainda mais no elemento musical, apresentando personagens inéditos e introduzindo novos dilemas à vida da protagonista.
4

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