Crítica | Pokémon: Mewtwo Contra-Ataca – Evolução

Escrito por: Gabriel Santos

em 06 de março de 2020

Em uma época onde remakes e adaptações dominam o cinema, não é surpresa que Pokémon, a franquia mais lucrativa do mundo, também entre nessa onda. Aproveitando tantos anos de história e o avanço tecnológico, surgiu a ideia de recriar o primeiro filme do anime, Mewtwo Contra-ataca, em CGI. Como não poderia ser diferente, os fãs se questionaram se o longa era mesmo necessário e ficaram aflitos sobre quais mudanças teria em relação ao original – e se teria. Mas, agora, com a chegada da animação na Netflix, podemos ficar tranquilos, pois o resultado não decepciona. O clássico marca a estreia de Mewtwo na franquia, que surge como um clone de Mew e passa a se questionar sobre seu propósito e sua existência. É então que Ash, Misty e Brock são desafiados pelo Pokémon, que se considera o mais poderoso de todos.

Uma das primeiras coisas que chama atenção nesta produção é a sua duração. Enquanto o original conta com pouco mais de uma hora, o remake é mais longo. A princípio, isso pode parecer que ele tem mais história, só que na verdade a segue de forma fiel. A diferença é que, nesta versão, as cenas são mais longas e destrinchadas, começando pela introdução. Por exemplo, enquanto no filme de 1998 a relação entre Mewtwo e Giovanni é acelerada, neste ganha mais tempo de tela. Também temos mais cenas do grupo de cientistas responsável pela clonagem do Pokémon. Se, por um lado, isso resulta na inclusão de mais detalhes da trama, em outros é usado apenas para tornar os diálogos mais expositivos, o que não é necessário na maioria das vezes.

Mesmo com planos bem parecidos – quase frame a frame –, esta adaptação sofreu leves alterações nos acontecimentos. Enquanto algumas são justificáveis e até tornam a história mais divertida, outras nos fazem sentir falta do original. Ainda assim, nenhuma chega a prejudicar a trama como um todo. Vale mencionar que o final, apesar de fiel e dramaticamente competente, soa mais apelativo que o primeiro, já a cena pós-créditos é mais satisfatória na nova versão.

O principal apelo desta produção é o visual da animação, feito pelo estúdio OLM, o mesmo do primeiro filme. Obviamente, os mais puristas vão ficar do lado dos traços em 2D, mais cartunesco, colorido e vívido. Mesmo assim, é inegável que a nova versão fez um excelente trabalho ao tornar a história mais realista. O design clássico ainda está presente, tanto nos Pokémon quanto nos personagens humanos – o que causa um estranhamento no começo -, mas é possível perceber elementos que fazem esse universo parecer mais palpável, como as texturas. Por exemplo, podemos notar os pelos do Pikachu e as escamas de um Gyarados, imperceptíveis no anime. Já a fotografia ajuda a injetar mais dramaticidade nas cenas, principalmente nos momentos sérios e sombrios. As batalhas foram as mais beneficiadas pela mudança, tendo ficado mais empolgantes, dinâmicas e grandiosas. O remake ainda explora melhor a ambientação, tanto pela forma como a câmera se movimenta como pelos ótimos planos-sequência, demonstrando um grande controle espacial. Por outro lado, também nota-se artifícios que são usados apenas para mostrar o quanto a técnica evoluiu e que não há mais limitações.

Quem cresceu nos anos 1990 e se acostumou com o clássico, vai sentir falta de algumas coisas, como o elenco original de dublagem. Desta vez, o único que retorna é Guilherme Briggs como Mewtwo – que é uma escalação perfeita para o papel e mais uma vez entrega um excelente trabalho. Quanto ao resto do elenco, apesar de não terem o mesmo carisma, encaixa dentro da proposta, sendo mais uma questão de tempo para o público se acostumar.

Pokémon: Mewtwo Contra-ataca – Evolução mantém a essência do longa de 1998, incluindo o tom de aventura, questionamentos filosóficos e sequências emocionantes, mas o que realmente chama atenção é o seu visual. É uma homenagem bonita aos 20 anos desta animação, sem mexer muito no que já era bom, mas ao mesmo tempo inovando com o primeiro filme em CG da franquia. Desta forma, o personagem-título representa mais um marco para a série.

Crítica | Pokémon: Mewtwo Contra-Ataca – Evolução
O remake tem como principal diferencial o novo visual, beneficiando-se, principalmente, nas sequências de ação, além de ter maior controle da ambientação.
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