Crítica | The Seven Deadly Sins – Prisioneiros do Céu

Escrito por: Gabriel Santos

em 04 de janeiro de 2019

Além de incluir em seu catálogo todas as adaptações para anime de The Seven Deadly Sins – com direito a dublagem em português – a Netflix também trouxe o primeiro filme animado da franquia. The Seven Deadly Sins – Prisioneiros do Céu (Nanatsu no Taizai: Tenkuu no Torawarebito) foi lançado inicialmente nos cinemas japoneses em agosto de 2018, mas só chegou para o ocidente no último dia do ano, pelo serviço de streaming. Será que a espera valeu a pena?

Cronologicamente, a história se passa após o arco da Ressurreição dos Dez Mandamentos e introduz o Palácio do Céu, um lugar acima das nuvens onde vive o Povo do Céu. Enquanto Meliodas e Hawk acessam o local através de uma fonte para encontrarem Peixes Voadores, Solaad, um celestial sósia de Meliodas, chega até a superfície à procura de uma divindade que pode evitar a ressurgimento do Clã dos Demônios.

Durante a primeira metade do longa é desenvolvida a mesma premissa de A Princesa e a Plebeia, onde duas pessoas muito parecidas trocam de lugar e isso gera alguns mal entendidos. Apesar de ser divertido acompanhar os personagens em várias situações divertidas, esta é uma dinâmica que já foi repetida diversas outras vezes em outras mídias.

Aqui, o ponto interessante está na mitologia por trás dos Celestiais, que não é tão aprofundada pela falta de tempo, mas o suficiente para criar interesse no público e nos situar em relação à trama principal. Além disso, mesmo que a maior parte do longa se passe no Reino do Céu, fica a sensação de que havia muito mais a ser explorado, tanto pela região quanto pelos personagens que habitam nela. E por falar nos personagens, Os Sete Pecados Capitais recebem o devido tratamento como equipe protagonista, seja pelo entrosamento durante as lutas ou pela química em suas relações. Porém, não é acrescentado nada de novo em relação ao que é visto na série animada.

Já entre os novos personagens, os destaques ficam para os sósias de Meliodas e Elizabeth – Solaad e Erlatte – que apresentam personalidades praticamente opostas. Dessa forma, eles têm o que aprender com seus semelhantes, mas isso acaba sendo apenas unilateral, desperdiçando um bom potencial para a construção de seus personagens.

Já na segunda parte do filme temos basicamente uma série de confrontos com os vilões: Os Seis Cavaleiros Negros. Mesmo sendo comparados aos Dez Mandamentos, aqui os inimigos são bem decepcionantes. Eles não conseguem passar o mesmo carisma, não são tão desenvolvidos, não trabalham como equipe – mesmo sendo uma – e nem mesmo são um desafio para nosso grupo protagonista, sendo derrotados de maneira muito fácil.

O único destaque é Bellion, que consegue lutar contra Meliodas de forma equiparável, além de ser o que mais tem personalidade. Porém, ele não recebe o devido tratamento pelo roteiro, funcionando apenas como mais um ingrediente para o surgimento de um monstro gigante que quer atacar o Palácio do Céu. Além de um ato final longo demais e um desfecho no mínimo inesperado, sua resolução peca por dar mais destaque aos Sete Pecados Capitais, tirando o sentido da lenda que estava sendo construída durante todo o filme.

Se o roteiro não ajuda Prisioneiros do Céu a ser uma produção memorável, por outro lado a competência do estúdio A-1 Pictures entrega um trabalho acima da média. Os traços são os mesmos da série animada, mas aqui podemos notar uma maior fluidez, movimentos de câmera mais ousados e um resultado final mais polido. Isso justifica o fato dele ser exibido nos cinemas do Japão.

Além disso, um destaque à parte é a dublagem brasileira, realizada pelo estúdio Som de Vera Cruz, que mais uma vez entrega um excelente trabalho para os que preferem assistir dessa forma. O mérito está na escolha do elenco, incluindo os novos personagens, assim como as adaptações para termos do nosso cotidiano.

Por fim, outro problema deste filme está em qualquer tentativa de arco mais dramático em relação aos seus personagens. Para quem acompanha a série animada, os heróis já passaram por tanta coisa que qualquer risco de morte não causa mais preocupação, pois sabemos que eles vão sobreviver.

The Seven Deadly Sins – Prisioneiros do Céu é mais uma divertida história da franquia, trazendo boas lutas e expandindo seu universo, mas está longe de ser memorável. É um bom entretenimento para os fãs do anime e não passa disso.

Crítica | The Seven Deadly Sins – Prisioneiros do Céu
The Seven Deadly Sins – Prisioneiros do Céu se destaca pela qualidade da animação do estúdio A-1 Pictures e por expandir o universo da franquia, mas está longe de ser uma história memorável, até mesmo para os fãs.
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