Crítica | Violet Evergarden Gaiden – Eternidade e a Boneca de Automemória

Escrito por: Gabriel Santos

em 08 de abril de 2020

O anime de Violet Evergarden chegou na Netflix em 2018, destacando-se entre as produções do ano. Agora, o serviço de streaming disponibilizou o primeiro longa da série, Violet Evergarden Gaiden, que adapta a novel homônima de Kana Akatsuki, lançada em 2018. Nessa trama, acompanhamos a jovem solitária Isabella, que se sente presa em uma escola de etiqueta para garotas nobres. É então que Violet é contratada para ser sua criada e as duas criam um forte laço de amizade.

Os episódios da série animada contam com um padrão em sua dinâmica, onde Violet impacta a vida de alguém – e a sua própria – através de cartas. O filme não foge dessa premissa, funcionando como um episódio normal até seus trinta minutos iniciais, mas depois vai além, aprofundando-se nos personagens da vez. Além de acompanharmos as consequências de suas ações, também vemos diferentes perspectivas da história. Neste caso, a relação é entre as irmãs Isabella e Taylor, que foram separadas no passado e conseguem se reconectar através das cartas.

Para aqueles que não assistiram à série original, não há problemas para acompanhar apenas o longa, pois ele explica tudo que o público deveria saber logo nos primeiros minutos e trabalha, principalmente, com novos rostos além da protagonista. Além disso, as histórias funcionam de forma independente, mas mantém a mesma qualidade.

Um dos principais méritos da produção é seu roteiro, que consegue resolver os conflitos de forma muito satisfatória e emocionante – potencializado pela trilha marcante de Evan Call. Os personagens são o coração do filme, com suas relações sendo construídas organicamente e sem pressa. Um dos maiores exemplos disso é o amor entre as irmãs, que aparecem juntas apenas em flashbacks, intensificando a saudade que uma sente da outra.

Como não poderia ser diferente, a protagonista Violet é a responsável por sempre movimentar a trama. Assim como na série, o longa vende a ideia dela ser uma pessoa pura e benevolente, transformando a vida de todos que estão próximos. Também vale destacar o carteiro Benedict, que tem mais o que fazer e conta com um arco bonito sobre a renovação de seu propósito.

A trajetória de Isabella parte de um desenvolvimento mais óbvio, onde, no início, ela não se dá bem com Violet, mas, com o tempo, passa a entendê-la. O que realmente empolga é a forma como isso é construído, gradualmente, a partir de pequenas ações do cotidiano. Já o arco de Taylor é mais interessante, pois a acompanhamos crescendo, sendo guiada pela motivação de reencontrar a irmã. Para ser justo, o filme também dedica mais tempo à personagem.

Outro mérito fica para a animação do estúdio Kyoto Animation, que, mais uma vez, faz um trabalho impecável. É possível perceber o apuro técnico na incidência de luz, assim como os cenários cheios de detalhes e o belo design de personagens.

A animação também aproveita a passagem de tempo para explorar ainda mais o universo da franquia. Dessa vez, é possível acompanhar o avanço da tecnologia, com a chegada de elevadores, luz elétrica e uma torre de transmissão de rádio – claramente inspirada na Torre Eiffel. Vemos os personagens interagindo com esses elementos até então inéditos, que também ajudam a contar a história.

Violet Evergarden Gaiden é uma daquelas histórias com final feliz que renovam nossa confiança na humanidade. Ela passa uma bonita mensagem sobre como os carteiros entregam felicidade e a importância das cartas para reconectar pessoas depois de muito tempo. O filme mantém a excelente qualidade da série, apresentando momentos comoventes, uma das marcas registradas da franquia.

Crítica | Violet Evergarden Gaiden – Eternidade e a Boneca de Automemória
O longa funciona como um episódio mais longo da série animada, se aprofundando nos personagens e mostrando mais perspectivas da história, repleta de momentos emocionantes.
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