Powerless | O que falta na primeira série de comédia da DC Comics?

Escrito por: Gabriel Santos

em 27 de fevereiro de 2017

NBC lançou esse mês Powerless, uma nova série da DC Comics que trata de um tema bem interessante e pouco comentado quando se trata de super-heróis. Diferente da maioria, ela tem foco nos humanos que vivem em um mundo cercado de pessoas super-poderosas, e consequentemente, todos os problemas que elas podem causar. Os protagonistas, que não voam e nem têm força sobre-humana, trabalham em uma empresa responsável por desenvolver produtos que tornem a vida das pessoas mais seguras.

Mesmo com uma temática diferente, que a princípio despertou grande interesse do público, parece que ter o universo DC e toneladas de referências em mãos não é o suficiente para que a série se torne um sucesso. Os números de audiência não empolgaram nos primeiros episódios, e sua tendência é cair ainda mais. Para que eu pudesse ter uma opinião formada a respeito da produção, cumpri a “regra dos três episódios” e decidi fazer essa pequena análise.

REGRA DOS TRÊS EPISÓDIOS: Quando se acompanha qualquer tipo de produção de forma serializada, a tendência é que se assista pelo menos três episódios para que se tenha uma opinião concreta. Esse número é o suficiente para que sejam estabelecidos o tom, a temática e os principais acontecimentos que definam o rumo que a história tomará.

Risco

NBC resolveu arriscar quando decidiu produzir a primeira série de comédia ambientada no universo da DC Comics. Enquanto Flash, Supergirl e companhia já contam com um público consolidado, Powerless precisa se provar como série de super-herói, e ainda mostrar que também é um sitcom. Ao seu favor, ela conta com um rico universo de heróis e vilões consagrados.

Um recurso utilizado na série, e que pode dar certo, é a fórmula de “rir de si mesmo”. Um exemplo acontece no segundo episódio, onde foi citado o fato de “heróis estarem brigando entre si por nenhum motivo”. Neste caso, uma clara referência à Batman v Superman.

Referências

Falando nelas, se você procura por referências, pode ter certeza que você vai encontrar muitas por aqui. A própria Liga da Justiça, que vai ganhar um filme ainda este ano, é uma das mais faladas na série. Também são citados vilões e grandes empresas do universo, como a LexCorp e a Wayne Enterprises. Inclusive, a companhia onde os personagens trabalham é uma subsidiária chamada Wayne Security, comandada pelo primo de Bruce Wayne.

A própria abertura é algo que me agradou bastante, reverenciando capas de hqs famosas da editora para explicar o conceito da série. Nela são destacados os personagens que sempre passam despercebidos nas histórias de super-heróis, que seriam os humanos normais e sem poderes. A ideia é justamente focar nessas pessoas, mostrando como é viver em uma cidade cercada de seres super-poderosos.

Elenco

O elenco é formado, em sua maioria, por comediantes, com destaque para Danny Pudi, conhecido por Community, e Alan Tudyk, que recentemente esteve em Rogue One como o droid K-2SO. A protagonista é Vanessa Hudgens, que ganhou fama com High School Musical, ainda na Disney. Por não ser uma atriz própria de comédia, ela parece estar um pouco deslocada no papel de Emily Locke, principalmente se compararmos aos outros atores.

Enquanto isso, Tudyk é um dos que mais conseguiu se encaixar no papel, com destaque para o egocentrismo de seu personagem. Ele interpreta Van Wayne, dono da empresa em que a série se foca. Pudi e os outros não se saem mal, mas seus personagens ainda não tiveram o destaque e o desenvolvimento que merecem para serem avaliados, o que deve acontecer nos próximos episódios. Depois de um começo mediano, à medida em que a série progride, a relação entre os personagens se torna cada vez mais natural e suas personalidades mais definidas.

Conclusão

Powerless tem como premissa se tornar um sitcom situado em um universo de super-heróis, o que se espera uma qualidade alta do resultado, mas que ainda precisa ser muito trabalhado. Como é a primeira vez que vemos algo do gênero, ainda é preciso acertar o tom e o timing das piadas, além de aproveitar melhor os personagens e o mundo que os cerca. Mesmo assim, acredito que a produção esteja indo por um bom caminho, onde em pouco mais de 20 minutos é possível arrancar algumas risadas e experimentar algo diferente do que se têm feito nos últimos tempos.

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