Crítica | Arcane – 1ª Temporada

Escrito por: Gabriel Santos

em 14 de dezembro de 2021

Adaptar jogos de videogame para outras mídias sempre é uma tarefa muito difícil. É só olharmos para as produções feitas para o cinema que encontramos vários exemplos que decepcionaram os fãs. Por outro lado, em 2021 a Netflix surpreendeu a todos com uma história que não só agradou, como foi uma unanimidade. Arcane conseguiu realizar feitos incríveis como série, furando a bolha e atingindo um público que vai além dos jogadores de League of Legends. Graças ao seu primor técnico e uma narrativa cativante, o projeto da Riot Games é a melhor produção do serviço de streaming deste ano.

A animação possui vários acertos e eu não poderia deixar de falar sobre sua arte. O trabalho do estúdio Fortiche Production é impecável, fazendo com que cada frame pareça uma pintura – semelhante ao que aconteceu com Homem-Aranha: No Aranhaverso. Além disso, aqui há personagens bem expressivos, ótimas sequências de ação, além de um belíssimo design de produção, explorando os contrastes entre as regiões de Piltover e Zaun. Aliás, é interessante comentar que o time criativo já é conhecido pelos jogadores de LoL, sendo responsável por outros trabalhos que teve a Riot Games como cliente, desde 2018. Portanto, é uma equipe que já estava familiarizada com a franquia e o universo como um todo, culminando essa parceria no seu maior projeto até então.

A história é baseada em League of Legends, trazendo seus personagens e seu mundo, mas não é necessário ter contato prévio com o jogo. É sério, eu mesmo não sou familiarizado com LoL e consegui apreciar a obra sem perder nada. É claro, os fãs mais assíduos vão pegar easter eggs, referências e até criar teorias sobre o futuro da série, mas nada que diminua a experiência.

A trama foca na relação entre as irmãs Jinx e Vi, que é muito bem desenvolvida ao longo dos episódios. O mais legal desse roteiro é a forma como ele mostra dois lados de uma mesma história apontando as perspectivas diferentes. Não há ninguém “certo” ou “errado” e conseguimos entender os dois pontos de vista. É ótimo ver as personagens crescerem e se tornarem cada vez mais próximas do que são nos jogos, inclusive dando um maior pano de fundo para elas e explicando a origem de seus golpes, por exemplo.

Outro ponto a favor da série é a sua montagem e ritmo. Cada episódio de Arcane possui por volta de 40 minutos, mas nem notamos o tempo passar. Felizmente, neste caso, a Netflix deixou de lado seu tradicional esquema de lançamento. Ao invés de lançar os nove episódios em um único dia, eles foram divididos em três atos, com três episódios por semana. Isso só gerou resultados positivos, pois deu mais tempo para a série continuar sendo comentada semana a semana, fomentando a curiosidade dos fãs, além de fazer sentido dentro da narrativa, incluindo os twists. Tivemos uma primeira parte mais introdutória, porém impactante; a segunda voltada para o desenvolvimento, explorando a política e a construção do universo, enquanto a terceira parte constrói um final grandioso. Espero que a plataforma aposte em mais formas de lançamento diferenciados como esse.

Arcane é, sem dúvidas, uma das melhores produções deste ano. E talvez seja a maior unanimidade também. A série acumula acertos ao longo de seus episódios e consegue agradar desde os fãs de longa data até os recém-chegados, servindo como um grande case de sucesso para a Riot Games na sua missão de expandir o universo de League of Legends para outros jogos e até outras mídias. Com a segunda temporada confirmada, mal posso esperar para voltar em Runeterra.

Crítica | Arcane – 1ª Temporada
Arcane acumula acertos ao longo de seus episódios, incluindo uma história cativante e bem construída, um universo sólido e um primor técnico/artístico. Com certeza é um dos destaques do ano.
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