Crítica | Cowboy Bebop – 1ª Temporada (2021)

Escrito por: Gabriel Santos

em 01 de dezembro de 2021

Apesar de não ter agradado muita gente com o live-action de Death Note, a Netflix não desistiu de produzir adaptações de animações japonesas. Em novembro, chegou na plataforma sua versão de Cowboy Bebop, que contou com a díficil missão de dar vida ao aclamado anime. Como alguém que não assistiu à animação clássica, posso dizer que o projeto funciona como porta de entrada para este universo. Seus 10 episódios rendem momentos divertidos, mesmo com altos e baixos.

Uma das primeiras coisas que chama atenção na obra é a mistura do gênero faroeste com uma ambientação futurística. É possível notar que há uma certa limitação nos cenários, mas o resultado é satisfatório dentro da proposta, com uma bela fotografia e CGI crível. A série também mostra que tem personalidade na caracterização dos personagens, apostando em uma abordagem mais cartunesca para o visual e as atuações. Como era possível notar nos materiais promocionais, não há uma tentativa de criar uma versão realista de Cowboy Bebop, e sim algo mais caricaturesco. Ainda vale mencionar a excelente trilha sonora de Yoko Kanno. Ela faz toda a diferença nas cenas ao construir uma atmosfera única a partir do jazz.

Na trama, acompanhamos um grupo de caçadores de recompensas, e o trio protagonista está muito bem representado. Eles funcionam sozinhos, cada um com seu pano de fundo, seja Jet (Mustafa Shakir) e seu carinho com a filha, Faye (Daniella Pineda) tentando descobrir mais informações sobre si mesma ou Spike (John Cho) com seu passado sombrio e misterioso. A melhor coisa da série é quando todos estão juntos em cena, pois a equipe vive uma relação de amor e ódio muito divertida.

A condução da trama é episódica, com histórias que se funcionam individualmente ao mesmo tempo que constroi uma narrativa maior. Por conta disso, o lançamento de 10 episódios de uma vez só, adotado pela Netflix, não parece ser a melhor estratégia. Maratonar a produção é um desafio por conta do ritmo lento e cansativo. Pelas tramas repetitivas, talvez um lançamento semanal funcionasse melhor. Além disso, aqui há altos e baixos, com alguns episódios que apenas enrolam ou são poucos inspirados no meio de ideias bem executadas.

Um dos pontos negativos é a subtrama centrada em Vicious (Alex Hassell) e Julia (Elena Satine). A obra perde muito tempo com uma ameaça que vai sendo preparada aos poucos, mas não entrega quando chega a hora. Enquanto Julia é subutilizada durante toda a história, Vicious deixa a desejar como o principal vilão da primeira temporada.

Apesar dos deslizes, Cowboy Bebop tem um bom início como live-action. A química dos protagonistas, a belíssima trilha sonora e sua personalidade única fazem da obra uma opção divertida no catálogo, apesar do ritmo lento. O gancho no final é um bom motivo para pedir por uma nova temporada e gera curiosidade para acompanhar o anime original – quem também se encontra no streaming.

Crítica | Cowboy Bebop – 1ª Temporada (2021)
A produção apresenta muita personalidade, com destaque para a ambientação cowboy futurista e a excelente trilha sonora. Por outro lado, peca pelo ritmo lento e um vilão que não entrega o que promete.
3.5

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