Crítica | Sweet Tooth (1ª Temporada)

Escrito por: Gabriel Santos

em 07 de junho de 2021

Seguindo o sucesso das adaptações de quadrinhos da Netflix, o projeto mais recente da plataforma é Sweet Tooth, baseado na HQ homônima de Jeff Lemire, publicada pelo selo Vertigo da DC Comics. Na trama, o surgimento de um novo vírus resulta na morte de uma grande parte da população e na misteriosa aparição de bebês híbridos – humanos com partes de animais – que passam a ser temidos e caçados. Dez anos depois, a criança-cervo Gus (Christian Convery) decide sair de um local seguro e isolado na floresta em busca de respostas sobre seu passado.

Logo no início, é possível notar uma triste coincidência entre o universo da série com a atual situação de pandemia no mundo, o que pode gerar alguns gatilhos no público. Mesmo que o vírus da série seja mais mortal e perigoso, há o constante uso de máscaras e higienização com álcool em gel, além de quarentenas. A ideia não era criar essa ligação propositalmente, até porque a história é de 2009. Ao mesmo tempo em que temos sequências pesadas, violentas e um lado mais sombrio desse universo distópico, a série também nos convida a ver o mundo por um olhar mais otimista e ingênuo de uma criança de 11 anos. Essa dualidade funciona muito bem durante o decorrer dos episódios, principalmente pela direção competente.

Basicamente, acompanhamos três histórias paralelas, trazendo diferentes pontos de vista sobre a nova realidade e com personagens humanizados. Além da quebra do maniqueísmo e a exploração de áreas cinzentas, há sempre decisões difíceis para serem tomadas. Há excelentes atuações de todo o elenco, e o maior destaque fica para a química nas interações em duplas, seja a amizade improvável entre Gus e Jepperd (Nonso Anozie), a relação materna de Aimee (Dania Ramirez) com Wendy (Naledi Murray) e o romance entre Aditya (Adeel Akhtar) e Rani (Aliza Vellani). Ainda destaco a presença do exército animal, liderado pela Ursa (Stefania LaVie Owen).

O trabalho de criação dos híbridos é muito bem executado, misturando efeitos práticos com efeitos visuais de forma que pareça realista. Também há cuidado nos detalhes, que ajudam a expressar emoções – por exemplo, o fato de Gus abaixar as orelhas quando está triste. Também é interessante mencionar a mudança do visual das crianças, apostando em uma aparência mais fofa quando comparada aos quadrinhos. Outro ponto técnico que vale ressaltar é a bela fotografia, principalmente nas paisagens bucólicas da Nova Zelândia, onde a série foi filmada.

Sweet Tooth é um grande acerto da Netflix, devendo agradar aos fãs de fantasia e drama distópico, intercalando entre tons opostos com maestria. A série termina respondendo a maior parte das dúvidas que surgiram ao longo dos episódios ao mesmo tempo em que abre espaço para novas dinâmicas, fazendo com que a possível nova temporada seja ainda mais empolgante.

Crítica | Sweet Tooth (1ª Temporada)
A série se destaca pelos personagens humanizados e a condução da trama, apresentando diferentes pontos de vista sobre o mundo distópico.
4.5

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