Crítica | The Umbrella Academy – 2ª Temporada

Escrito por: Gabriel Santos

em 11 de agosto de 2020

Lançada em 2019, na Netflix, a primeira temporada de The Umbrella Academy foi um verdadeiro sucesso, tornando-se a segunda série original mais assistida da plataforma. Além da popularidade, a produção também agradou aos críticos, apresentando uma carismática família disfuncional de super-heróis que precisa impedir o fim do mundo. Graças à repercussão positiva – e o enorme gancho no último episódio – a sequência era muito aguardada pelos fãs, que estavam com expectativas altas. Agora que a continuação finalmente chegou ao streaming, podemos dizer que a adaptação da HQ de Gerard Way e Gabriel Bá mantém a qualidade e sua essência, explorando a nova dinâmica entre os personagens e suas origens.

O novo ano da série começa exatamente de onde o último parou. Desde o primeiro episódio há um ritmo frenético e um senso de urgência, pois os irmãos precisam impedir o fim do mundo novamente, previsto para os próximos dias. O que poderia ser frustrante e repetitivo, já que temos a mesma premissa do ano anterior, acaba ficando intrigante e com novos ares, pois, desta vez, a trama se passa em 1963. Agora divididos, cada personagem se adaptou à nova realidade do seu jeito, gerando vários “e se?”.

A produção abraça a vibe anos 1960 completamente, através do figurino, maquiagem, cabelo, trilha sonora e até fotografia. Elementos marcantes daquela época não só estão presentes, como são fundamentais para a história, como a morte do presidente Kennedy, a Guerra do Vietnã, a segregação racial com as leis de Jim Crow e a Guerra Fria.

A ambientação no passado ainda abre muitas possibilidades para expandir o universo. É a partir disso que conhecemos as origens de Reginald (Colm Feore) e Grace (Jordan Claire Robbins) e Pogo (Adam Godley) – com efeitos visuais convincentes -, que são desenvolvidas ao longo da temporada de forma orgânica. O mesmo pode ser dito sobre as subtramas envolvendo os protagonistas. A demora para que todos se reúnam novamente não é sentida graças a forma como suas histórias nos prendem, cada uma mais interessante que a outra – a ainda se interligando com o objetivo principal.

Entre os novos rostos, o destaque fica para Lila Pitts (Ritu Arya) que, a princípio, forma uma ótima dupla com Diego, e torna-se ainda mais interessante com o desenrolar do enredo. Também não poderia deixar de mencionar a coragem da série em introduzir o vilão AJ Carmichael – apesar dele não ter muito o que fazer. O personagem é, basicamente, um peixe num aquário preso a um corpo humano, assumindo mais uma das bizarrices da história em quadrinhos. Já o trio de suecos enviado pela Comissão tem menos carisma e destaque que a dupla Hazel e Cha-Cha, da temporada anterior.

Assim como no primeiro ano, Vanya (Ellen Page) é um dos pontos altos como personagem-chave, protagonizando os momentos mais dramáticos da temporada, acompanhados pela trilha sonora de um melancólico violino. Ben (Justin H. Min) é melhor desenvolvido através de sua habilidade de possessão. O mérito também vai para o ator Robert Sheehan, por conseguir viver duas personalidades completamente distintas. Por fim, Número Cinco (Aidan Gallagher) é o grande responsável por movimentar a trama, convencendo mais uma vez como um adulto no corpo de criança.

O novo ano ainda conta com técnicas que chamaram atenção no anterior e marcaram sua identidade, como momentos aleatórios de dança em grupo, planos-sequência elaborados, uso de slow-motion e cenas de luta ao som de músicas clássicas ou sucessos modernos. As reviravoltas também estão presentes, assim como ideias mirabolantes na tentativa de reverter as consequências da viagem no tempo.

Infelizmente, alguns dos problemas são as incoerências narrativas, como personagens tão poderosos que tiram o peso das grandes ameaças, outros que não usam seus dons nos momentos que mais precisam ou a introdução de habilidades até então desconhecidas como saída para resolver questões do roteiro. Apesar de tudo, os pontos negativos não são suficientes para prejudicar a trama, que ainda conta com um saldo positivo e muitos elogios.

Frenético, intrigante e fácil de maratonar, o segundo ano de The Umbrella Academy termina com um gancho para a terceira temporada – que ainda não foi confirmada, mas é apenas questão de tempo. É o suficiente para aguçar a curiosidade dos fãs com o que está por vir – um material que ainda nem foi adaptado para os quadrinhos e deve demorar para chegar.

Crítica | The Umbrella Academy – 2ª Temporada
Com uma temporada frenética do início ao fim, a série abraça mais uma vez as bizarrices dos quadrinhos e bagunça ainda mais sua linha temporal. O elenco carismático, as sequências de ação empolgantes e as reviravoltas na trama estão entre os pontos altos.
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