Crítica | A Guerra do Amanhã

Escrito por: Gabriel Santos

em 04 de julho de 2021

O ano é 2022. Brasil disputa a final da Copa do Mundo no Qatar. O placar está 3 a 3 e já estamos no fim do segundo tempo. O craque da seleção brasileira, Peralta, está sozinho na pequena área, prestes a fazer o gol do título… Até que um portal se abre dentro do estádio. De lá saem militares do futuro avisando que dentro de um ano o mundo que nós conhecemos vai acabar.

Esta é a sequência inicial do filme A Guerra do Amanhã, que chegou recentemente ao Amazon Prime Video. O longa de ficção científica aborda a viagem no tempo e a batalha contra seres alienígenas que pretendem dizimar toda a população mundial, o que poderia funcionar como entretenimento escapista se não fosse pela própria premissa que não faz sentido.

O maior problema da produção é seu roteiro, que parece ser escrito por uma criança, mas é de Zach Dean. Os eventos apresentados são desnecessariamente complexos, desde o funcionamento da viagem no tempo até as estratégias de combate, cheio de furos ou que simplesmente não funcionam. O objetivo aqui é apelar para sequências dramáticas e emocionantes, como se o destino da humanidade estivesse em jogo, mas o excesso de alívios cômicos e complicações dificultam na imersão. Talvez isso não pesasse tanto se o longa fosse descompromissado, mas ele tenta se levar a sério o tempo inteiro, até usando a ciência como base. Ainda vale mencionar a grande quantidade de momentos expositivos, subestimando a inteligência do público.

O projeto é estrelado por Chris Pratt que, apesar do seu carisma, também é prejudicado pelo roteiro. No início, existe um grande esforço em deixar claro que o personagem é um cientista, enquanto na segunda metade ele se torna um herói – apenas porque é o protagonista. Isso acaba diminuindo o sacrifício de outros personagens e cria várias facilitações na história. O problema com o tom está diretamente ligado ao personagem de Sam Richardson, que serve, basicamente, de alívio cômico nas piores situações. Também há um desperdício do potencial de J.K. SimmonsBetty Gilpin e boa parte do elenco secundário, com excessão de Yvonne Strahovski.

Na parte técnica, o longa abre com um uso de CGI excelente e apresenta outros momentos grandiosos, mas a qualidade dos efeitos visuais não é o suficiente, pois as sequências são vazias e sem peso narrativo. Outro problema frequente é a montagem confusa, tanto em cenas de ação complexas quanto em diálogos simples, que também dificultam na imersão.

A Guerra do Amanhã pode até ter boas ideias e batalhas épicas, mas é muito difícil se manter investido na história, funcionando nem mesmo como ação escapista. Esse é um bom exemplo de como um roteiro ruim pode prejudicar uma produção de Hollywood, onde nem mesmo grandes atores ou efeitos visuais de ponta conseguem salvar o projeto.

Crítica | A Guerra do Amanhã
A produção é prejudicada pelo roteiro, tomando decisões desnecessariamente complexas, subestimando o público e com um grande esforço para fazer de Chris Pratt um herói.
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