Crítica | A Morte Te Dá Parabéns 2

Escrito por: Pedro Henrique Figueira

em 20 de fevereiro de 2019

Ninguém previu o enorme sucesso de A Morte Te Dá Parabéns. As inspirações em Feitiço do Tempo e Pânico eram claras, e de alguma forma o diretor Christopher Landon e o roteirista Scott Lobdell conseguiram unir as ideias, trazendo frescor em uma fórmula já batida. A criatividade em como a protagonista revivia o dia rendeu as melhores cenas. Dito isso, pode-se afirmar que a sequência é tão divertida quanto, mesmo não funcionando completamente ao seguir um caminho diferente da proposta original.

Nessa continuação, os eventos do primeiro filme ganham uma explicação “lógica” quando Tree (Jessica Rothe) descobre que Ryan (Phi Vu) criou uma máquina quântica, ocasionando o loop temporal. Infelizmente, outro acidente a coloca mais uma vez na situação. Disposta a não ter que passar por aquilo novamente, Tree resolverá tudo o mais rápido possível, agora com a ajuda de outros personagens. A franquia, então, recebe uma nova definição, seguindo muito mais a linha da ficção científica do que o slasher.

Inicialmente, os acontecimentos tinham um significado místico, como se o universo quisesse tornar Tree uma pessoa melhor. A proposta, de certa forma, se mantém no novo roteiro, já que a protagonista ainda tem muito a aprender, principalmente no que diz respeito a mãe Julie (Missy Yager). Nesse ponto, a sequência ganha uma carga dramática funcional, pois a personagem ainda não havia resolvido o assunto emocionalmente. Porém, a questão principal em A Morte Te Dá Parabéns 2 é como o lado científico amarra pontas do original, ao mesmo tempo renovando os conceitos. Desta vez, Tree precisa morrer intencionalmente, resultando em sequências absurdas que não deixam de possuir o seu teor cômico. As reações dela estão ainda melhores, muito disso por conta da interpretação e carisma de Jessica Rothe. A protagonista evoluiu na relação com Carter (Israel Broussard), e o romance entre eles está bem convincente.

Os personagens são o ponto alto, com as bem-vindas adições de Samar (Suraj Sharma) e Dre (Sarah Yarkin) para comprovar as teses científicas. O roteiro não se esquece de nenhum dos que foram vistos anteriormente, cada um fazendo uma ponta importante dentro da narrativa. Um acerto, pois a maioria é o motivo da diversão proporcionada pela franquia – principalmente Danielle (Rachel Matthews), que protagoniza uma cena hilária no ato final.

O problema é que isso não sustenta todo o longa. Em certo ponto, as ideias do roteiro apenas se repetem, além de inserir contratempos que enrolam para o encerramento, cansando o espectador. O excesso de esclarecimentos soa desnecessário, considerando que muitas das questões tenham ficado implícitas nas cenas. E para quem gostava do tom de suspense do original, este não possui mais a tensão nos assassinatos. O foco dessa sequência é o humor, deixando o terror praticamente de lado. Assim, os famigerados jump scares são quase nulos – os que existem, não funcionam como deveriam, prejudicando parte da experiência.

Realmente, o que necessitava de mais explicações era a teoria do multiverso. Sem dúvida, essa confusão existe por Christopher Landon também ter assumido o roteiro. É perceptível o quanto a direção dele ganhou novos e bons rumos, enquanto que a sua trama se perdeu nos vários universos paralelos, possuindo soluções duvidosas. Talvez, tudo será esclarecido no terceiro filme (como sugeriu a cena pós-créditos) – um risco, visto que a essência da franquia já começou a se esgotar.

A Morte Te Dá Parabéns 2 tem seus defeitos, mas é ótima para quem gostou do primeiro e para os que querem conhecê-la. Uma sequência que eleva os significados e situações do loop temporal, cumprindo o seu papel de divertir e ser uma obra descompromissada. Entretanto, segue o alerta: se realmente tivermos uma parte três, todo o cuidado é pouco para não cair na terrível repetição.

Crítica | A Morte Te Dá Parabéns 2
A Morte Te Dá Parabéns 2 é uma sequência que mantém a essência divertida do original, deixando de lado o slasher para investir no humor. Os personagens continuam sendo a alma da história, com destaque para as interpretações de Jessica Rothe e Rachel Matthews. Apesar dos erros, o papel da obra é cumprido. Mas todo o cuidado é pouco para que a terceira parte não seja apenas um loop temporal.
3.5

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