Crítica | Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore

Escrito por: Gabriel Santos

em 06 de abril de 2022

Todo fã de Harry Potter ficou feliz com o anúncio de um filme de Animais Fantásticos. Até então, conhecíamos apenas o livro escrito por Newt Scamander, então agora teríamos a chance de voltar para o universo criado por J.K. Rowling, conhecer novos personagens e nos aprofundar nas criaturas mágicas.

O primeiro longa tem seus méritos, fazendo um ótimo trabalho em agradar os fãs da franquia e trazer novos. Por outro lado, o segundo conta com problemas no roteiro e deixa seu próprio título de lado. Será que Os Segredos de Dumbledore poderia colocar o projeto de volta aos trilhos?

Um dos pontos positivos do novo filme é o fato de que a Warner entendeu as críticas feitas sobre a segunda parte. Tanto que aqui temos o retorno de David Yates na direção, mas agora o roteiro é de J.K. Rowling e Steve Kloves, que conhece muito bem a saga. Ele é simplesmente o cara que escreveu o roteiro de todos os filmes de Harry Potter (com exceção de A Ordem da Fênix). Rowling é uma excelente escritora, mas Os Crimes de Grindelwald funciona muito mais como um livro do que um filme, por isso a importância de Kloves na sequência. Além disso, o apelo para a nostalgia e o fan-service é muito mais forte em Os Segredos de Dumbledore, seja pelas referências, pela trilha sonora clássica de John Williams ou pela presença de Hogwarts.

Mesmo que a história tenha uma melhora quando comparada com o anterior, ainda há algumas decisões que me incomodaram enquanto assistia ao filme, como a falta de foco. Se esse derivado é sobre o confronto entre Dumbledore e Grindelwald, porque ainda insistir em chamá-lo de Animais Fantásticos?

Nesta produção há criaturas variadas, incluindo a presença de novas espécies e o retorno daquelas amadas pelos fãs, todas úteis para a trama. Só que é inegável que os animais são apenas pincelados e não são o centro da história. O mesmo acontece com o próprio Newt que, mesmo sendo o “protagonista”, a história não é sobre ele.

O magizoologista se destaca pelo sua personalidade excêntrica, com destaque para a interação com os animais fantásticos, funcionando como alívio cômico e um dos principais nomes do grupo formado pelos heróis. O problema é que o longa possui muitos personagens, que não recebem a devida atenção e não possuem a mesma divisão de tempo de tela, sendo a maioria subaproveitados. É o caso de Bunty (Victoria Yeates), Yusuf (William Nadylam)Theseus (Callum Turner)Vinda (Poppy Corby-Tuech) e até Queenie (Alison Sudol). Por outro lado, destaco a bruxa Hicks (Jessica Williams), que já chegou mostrando muita personalidade; e também gostei do desenvolvimento de Jacob (Dan Fogler), deixando de ser apenas o gordinho engraçado e mostrando mais camadas. Também não poderia deixar de mencionar o orgulho que senti ao ver Maria Fernanda Cândido representando muito bem o Brasil como Vicência Santos. A bruxa aparece pontualmente, mas de forma marcante.

O terceiro filme usa muito bem o artíficio do pacto de sangue para evitar o conflito entre Dumbledore e Grindelwald. Agora interpretado por Mads Mikkelsen, o vilão é apresentado de maneira mais maquiavélica e cruel, porém suas atitudes vão de encontro aos seus discursos. Já Jude Law continua o ótimo trabalho feito no filme passado como um líder sábio e altruísta. Por fim, Credence (Ezra Miller) ainda é uma incógnita pra mim, pois o personagem está bem diferente nos três filmes, ficando cada vez menos contido e tentando encontrar seu caminho, como a própria franquia.

Os Segredos de Dumbledore mostra que o projeto ainda tem esperança, mesmo com tropeços ao longo do percurso. O que mais me incomoda é o fato de que o grande confronto tão esperado está sendo preparado há três filmes e vai precisar de mais dois para ter um desfecho, quando poderia ser facilmente resolvido de forma mais rápida. Portanto, se está esperando por batalhas épicas ou grandes sequências de ação, não é aqui que você vai encontrar. Quem assistir à terceira parte vai perceber que há personagens mudando de lado o tempo todo, acontecimentos que são feitos e desfeitos rapidamente e boa parte do tempo de tela usado para assuntos que dão em nada, mais parecendo uma novela.

Crítica | Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore
Os Segredos de Dumbledore mostra que o projeto ainda tem esperança, mesmo com tropeços ao longo do percurso.
3

Compartilhe!