Crítica | Escape Room

Escrito por: Gabriel Santos

em 11 de fevereiro de 2019

Aproveitando a popularidade das salas de fuga, como o Escape 60 no Brasil, Hollywood decidiu entrar na onda para criar sua própria franquia nos cinemas com esta temática. Dirigido por Adam Robitel, a proposta de Escape Room apresenta altos e baixos, mas ainda vale a pena conferir a experiência. Na trama, seis estranhos são recrutados para participar de um jogo onde o vencedor ganhará US$ 10 mil. Porém, eles descobrem que estão arriscando suas vidas e a brincadeira se torna um desafio real pela sobrevivência.

Não é novidade uma dinâmica de colocar pessoas desconhecidas confinadas em um local, onde devem se ajudar em prol de um objetivo em comum. Além disso, é quase impossível não comparar as armadilhas nas salas com as da franquia Jogos Mortais. Podemos dizer que aqui temos uma versão soft da série de filmes de terror, pois ainda há tensão e perigo, mas sem mortes chocantes e membros decepados.

Os problemas do filme se iniciam logo nas primeiras cenas, onde já começamos com um personagem passando por uma prova em uma sala, mas nada é explicado. Ao invés de criar interesse ao público, o resultado na verdade deixa o espectador confuso desde o início. O longa ainda opta por acompanhar a vida de apenas três dos seis competidores do jogo, mas não há um motivo aparente para que justamente aqueles sejam os escolhidos.

Durante as provas, o principal destaque é Amanda Harper (Deborah Ann Woll), sendo uma das personagens com mais presença em cena e tendo um dos backgrounds mais interessantes, proporcionando os melhores momentos do filme. É uma pena que ela não tenha muito o que fazer durante o longa, por conta do roteiro. Outro destaque é Zoey Davis (Taylor Russell), que convence bem no papel de uma jovem ingênua e estudiosa, mas que cresce durante a trama, contando com um dos grandes arcos. Os outros personagens também recebem doses de desenvolvimento, porém sem equilíbrio. Por exemplo: a ganância crescente de Jason Walker (Jay Ellis) é muito bem-vinda ao jogo, mas, por outro lado, Danny Khan (Nik Dodani) é reduzido ao personagem que existe apenas para explicar coisas.

Mesmo que os participantes sejam unidimensionais e marcados por estereótipos, as salas do jogo são muito inventivas e variadas. Nelas, os personagens são queimados, congelados, drogados, dentre outras coisas. As pistas e os mecanismos de cada uma são bem interessantes e criativos, se tornando o principal atrativo do filme. Aquelas construídas com efeitos práticos (montadas em um estúdio) contam com os melhores resultados, no entanto aquelas que usam efeitos visuais ficam com o fundo verde aparente e a interação das pessoas com o cenário fica abaixo da média.

Um dos elementos que vai melhorando conforme a trama progride é a tensão e a aflição dos personagens, que pode ser sentida pelo público à medida que se envolve com a história. Também vale destacar a boa execução da montagem em cenas de flashbacks e transições. Porém, a segunda metade do filme volta a apresentar problemas de roteiro e ritmo, sem nivelamento no nível de dificuldade entre as salas do jogo. Muitas questões são explicadas em pouco tempo, tornando tudo apressado demais e criando plot-twists previsíveis. O resultado é decepcionante, pois ele tenta ser maior do que realmente é, se atropelando em meio a sua ambição. Inclusive, existe um gancho para uma sequência, mas é algo totalmente dispensável e ilógico, levando em conta o que os personagens já passaram.

Escape Room apresenta ideias muito boas sobre a temática e consegue divertir o público. Entretanto, comete os mesmos erros de outras produções do gênero, pecando em elementos básicos como criar personagens sólidos e uma trama crível.

Crítica | Escape Room
Escape Room é uma versão family friendly de Jogos Mortais, onde ainda é mantida a tensão e os perigos, mas com mortes menos gráficas e explícitas. Ele se destaca pelas salas inventivas, mas poderia também ter personagens tão interessantes quanto, com destaque apenas para Deborah Ann Woll.
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