Crítica | Mortal Kombat (2021)

Escrito por: Gabriel Santos

em 22 de maio de 2021

Adaptar jogos de videogame para os cinemas é sempre aquela coisa: temos muitos exemplos ruins ao longo da história, mas os erros trouxeram aprendizados com o tempo. De qualquer forma, é sempre uma tarefa complicada, principalmente quando falamos de Mortal Kombat. A obra baseada no jogo de Ed Boon e John Tobias já ganhou duas adaptações que não foram bem recebidas. A primeira, de 1995, dirigida por Paul W.S. Anderson, e a sequência, de 1997, considerada um desastre pela crítica. Porém, mais de 20 anos se passaram e chegou a hora de um reboot, dessa vez dirigido por Simon McQuoid e com uma proposta diferente. A produção é estrelada por um lutador inédito, conta com várias referências e easter eggs da franquia, além de garantir os fatalities que sempre quisemos ver nas telonas. Tem como dar errado?

Vamos começar pelos pontos positivos da obra. Há muita coisa para ser elogiada aqui, como as coreografias de luta e a violência brutal – por mais que o uso de cabos fique aparente durante as acrobacias. Nos videogames, um dos diferenciais entre Mortal Kombat e outros jogos de luta, como Street Fighter, era sua violência, e isso não ficou de fora aqui. O projeto recria muito bem golpes famosos e até chega a fazer piada com alguns detalhes que os fãs vão gostar. A maquiagem usada para os ferimentos está realista, assim como o uso de CGI é bastante funcional, tanto nos personagens quanto nas habilidades. Portanto, a classificação +18 faz toda a diferença.

Dito isso, vamos para um dos maiores problemas, que é o protagonista Cole Young (Lewis Tan). Eu entendo que esse tipo de filme precisa de alguém para representar o público, sendo introduzido ao universo, mas Cole é menos interessante e tem menos a oferecer do que os outros, mesmo depois de ganhar seus poderes. Seus diálogos são sempre expositivos e até a presença de sua família mais atrapalha do que ajuda. Mesmo que ele já fosse dos jogos, colocá-lo como protagonista não teria sido uma boa escolha.

Por outro lado, os lutadores dos jogos estão muito bem representados. Destaco a presença de Sub-Zero (Joe Taslim) como vilão e o inventivo uso de seus poderes de gelo. Estava empolgado desde o trailer e o longa me ofereceu ainda mais. Também gosto da forma como desenvolvem Jax (Mehcad Brooks) e a rivalidade entre Sonya (Jessica McNamee) e Kano (Josh Lawson) – que por sinal, é um dos meus preferidos. Do lado dos vilões, em alguns momentos achei que eles pareciam muito passivos e foram mal-explorados, perdendo destaque durante as lutas, mas principalmente prejudicados pela narrativa indolente, sempre deixados em segundo plano.

Mortal Kombat pode não ser o filme que a franquia merece, mas é o melhor que temos até agora. Desde os anos 1990, tivemos progresso na maneira como os personagens são retratados, uma evolução técnica, além do projeto aprender a rir de si mesmo. Há várias pontas soltas para uma sequência e, caso aconteça, espero que aprenda com seus erros, começando com uma trama melhor desenvolvida.

Crítica | Mortal Kombat (2021)
A produção acerta na violência brutal, referências aos jogos e a presença de Sub-Zero, mas peca pela narrativa preguiçosa e um protagonista que não tem muito a oferecer.
3.5

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