Crítica | Oito Mulheres e Um Segredo

Escrito por: Pedro Henrique Figueira

em 08 de junho de 2018

É inegável o quanto o cinema, historicamente, precisa destacar as mulheres. Trazer representatividade feminina nos filmes não é só uma questão de direito, mas de mostrar que as atrizes também podem interpretar personagens fortes e protagonizar longas. Isso ajuda para que haja a devida igualdade entre os gêneros – ainda falta muito, mas aos poucos as mudanças estão acontecendo e vão ganhando força em todo o mundo. E Oito Mulheres e Um Segredo se mostra uma grande conquista para elas e para a indústria.

Funcionando como um derivado de Onze Homens e Um Segredo (2001), a trama acompanha Debbie (Sandra Bullock), que acabou de sair da prisão. Ela planeja, junta de sua amiga Lou (Cate Blanchett), realizar o crime do século: roubar um colar de diamantes de US$ 150 milhões, durante o baile de gala do MET (Metropolitan Museum of Art), em Nova York. Para isso, ela vai precisar reunir uma equipe de especialistas.

Por se tratar de um spin-offOito Mulheres e Um Segredo poderia facilmente cair na armadilha de repetir tudo do original. Ao invés disso, o roteiro adiciona algumas questões e abordagens novas que dão identidade ao filme e reforçam a decisão de ter um elenco feminino de protagonistas. A fórmula e alguns aspectos técnicos do longa de 2001 aparecem aqui, mas funcionam como uma homenagem, não como cópia.

Existe um motivo para que a personagem Debbie contrate apenas mulheres para o roubo, e isso é bem apresentado. As personagens são inteligentes e espertas. Cada uma, dentro do seu universo, age da melhor forma para que possa se dar bem em um ambiente em que se vê desfavorecida ou estereotipada – a personagem Tammy (Sarah Paulson) é o melhor exemplo disso.

Colocar oito mulheres protagonizando se mostra um grande acerto. Um número bom, pois cada uma delas tem devido tempo de tela e desenvolvimento para que o público entenda as personagens e até se simpatize com todas ou pelo menos alguma, mesmo sabendo que cometerão um crime. Cada uma possui um papel fundamental no roubo. E a escalação de atrizes não poderia ser melhor.

Sandra Bullock e Cate Blanchett são os grandes destaques. A dupla entrega uma excelente química em cena, parecendo amigas de longa data – como suas personagens são. Bullock traz uma certa malícia no olhar e fala de Debbie, já mostrando nas primeiras cenas que a personagem não tem medo de nada. Lou também é maliciosa e cheia de atitude, mas Blanchett traz isso perfeitamente através do gestual que dá para a sua personagem. Assim, ambas se mostram – mais uma vez – atrizes incríveis.

Awkwafina (Constance), Mindy Kaling (Amita) e Helena Bonham Carter (Rose) trazem humor em seus papéis. A única questão é que Bonham está interpretando o mesmo tipo de personagem excêntrica que a atriz interpreta em outros filmes. Fica faltando certa inovação. Sarah Paulson e Rihanna (Nine Ball) também arrasam – ambas possuem ótimas cenas. E Anne Hathaway (Daphne Kluger) está boa, ganhando um pouco mais de atenção no último ato.

Toda a produção merece destaque – desde o belo figurino até a fotografia. Principalmente na sequência do MET, onde percebemos a qualidade da estética visual. Existe o cuidado em mostrar que cada uma das protagonistas possui seu próprio guarda-roupa, de acordo com a sua personalidade. E o filme ainda faz questão de trazer ilustres participações, inclusive surpresas da trilogia original.

Como disse no primeiro parágrafo, Oito Mulheres e Um Segredo é sim uma conquista. Apesar de seguir uma fórmula, possui personagens femininas fortes, elenco poderoso e um tom leve e divertido que garantem uma ótima sessão. Com certeza merece ser assistido e prestigiado.

Crítica | Oito Mulheres e Um Segredo
O excelente elenco feminino é o grande destaque de Oito Mulheres e Um Segredo. Apesar de seguir a fórmula do original, o derivado traz novidades em uma narrativa divertida e com muito humor. Uma conquista para a indústria e para a representatividade feminina no cinema.
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