Crítica | Pets – A Vida Secreta dos Bichos 2

Escrito por: Pedro Henrique Figueira

em 21 de junho de 2019

As animações da Illumination Entertainment têm a tendência de misturar situações cômicas com histórias de valores familiares. Pets – A Vida Secreta dos Bichos não fugiu disso, concentrando sua trama nas aventuras do cachorro Max e seus amigos. Já sua sequência segue uma premissa levemente diferente: agora, Max tem que aprender a lidar com a chegada de Liam, o filho da sua dona Katie. Por mais que o argumento soe novo, na verdade vemos uma reformulação do que foi apresentado no primeiro filme.

De certa forma, é como se a maioria dos personagens estivessem estacionado. Os novos acontecimentos soam tão aleatórios que não justificam a utilização de cada um dos animais. Se antes Max e Duke precisavam resolver suas diferenças, em prol de retornar ao lar, e contando com a ajuda dos outros, agora o foco é quase única e exclusivamente na jornada do primeiro citado. Acaba que a construção das situações vividas por ele é o que realmente funciona, tornando seu desenvolvimento bem efetivo e transmitindo as mensagens de superação e de aceitar mudanças. O mesmo não se pode dizer dos coadjuvantes.

Enquanto o cãozinho tenta lidar com seus medos e o novo hóspede, seus amigos vivem histórias isoladas: Gigi precisa cuidar de uma bolinha com desenho de abelha; Bola de Neve acredita ser um super-herói; e Mel e Buddy continuam como ajudantes. Falta aproveitamento em cada um deles, o que esclareceria suas verdadeiras funções na narrativa. Então, o problema está justamente nessa estrutura do filme, que se mostra extremamente picotada e acaba parecendo mais um compilado de curtas separados, do que um longa-metragem – talvez isso explique os inúmeros trailers lançados.

Felizmente, Pets – A Vida Secreta dos Bichos 2 assume o papel de ser um entretenimento divertido e, nesse quesito, a animação exerce perfeitamente. Os animais estão ainda mais hilários, gerando sorrisos e risadas quase instantâneos nos espectadores. A fofura e o carisma deles não sustentam todo o projeto, mas auxiliam na boa experiência. No grupo dos secundários, a mais beneficiada pela narrativa é Chloe, pois os roteiristas souberam novamente como utilizá-la. A gata possui a preguiça e o sarcasmo necessários para causar ótimos momentos, com ênfase para quando ela toma muita erva de gato. Destaque também para o coelho Bola de Neve, um excelente alívio cômico, e todo o time de dubladores nacionais, pois eles dão bastante personalidade aos seus respectivos papéis.

Quando finalmente o filme cruza as narrativas, tudo ganha uma escala maior, típica dos longas de super-heróis. As loucuras cometidas pelos animais criam algo megalomaníaco, mas que salva parte do roteiro. Nesse ato final, é quando a inspiração em Toy Story fica mais evidente, com alguns detalhes que trazem originalidade ao encerramento do projeto.

Fato é que o intuito de criar uma sequência engraçada foi cumprido com louvor. Porém, é incômodo perceber a falta de conexão entre os personagens e suas tramas individuais, resultando em situações avulsas que não acrescentam muito à animação. O roteiro poderia ter recebido um melhor tratamento, e acaba resultando em algo somente adorável para o público.

Crítica | Pets – A Vida Secreta dos Bichos 2
Fofo, engraçado e com bons personagens, Pets - A Vida Secreta dos Bichos 2 é diversão pura. Entretanto, sua estrutura picotada e inconsistente resulta em uma animação apenas agradável, com pouco aproveitamento de roteiro e dos coadjuvantes.
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