Crítica | Power

Escrito por: Gabriel Santos

em 20 de agosto de 2020

Já pensou se existisse uma droga capaz de te dar superpoderes por cinco minutos? Isso pode não existir, mas o novo filme original da NetflixPower, trata sobre esse assunto, sendo uma tentativa de trazer algo de diferente ao subgênero de super-herói, que muitos já consideram saturado.

Com direção de Henry Joost e Ariel Schulman, desde o começo o projeto cria paralelos entre o tráfego de drogas e a substância que dá título à obra. Tudo acontece da forma como talvez seria na vida real, com pessoas que a procuram para testar seus limites, outras que vendem para conseguir dinheiro, assim como policiais que investigam o que está acontecendo e uma grande corporação por trás de tudo. Ainda que alguns pontos sejam familiares com outras histórias, é diferente a forma como o filme trabalha o conceito dos poderes, sendo algo perigoso, ilegal e passageiro.

Outro ponto bem construído durante toda a trama é a expectativa criada sobre “qual é o seu Power”. Quando alguém toma a pílula, cada um desenvolve uma habilidade diferente ou pode simplesmente morrer na mesma hora. O filme consegue criar um suspense do que cada personagem é capaz de fazer, sempre surpreendendo o público. Além disso, é discutida a questão do tempo limite, passando uma certa urgência e imediatismo para a trama. Ainda sobre os poderes, a forma como eles são expostos é muito eficiente, com um ótimo trabalho tanto nos efeitos visuais quanto nos práticos, assim como uma maquiagem bastante convincente.

Entre os protagonistas, Robin (Dominique Fishback) é a melhor desenvolvida, desde suas motivações até seu envolvimento na trama principal. Fishback manda muito bem nas sequências de rap, que ajudam a construir a personalidade de sua personagem, ajudando a garota a tomar atitude e encontrar seu lugar no mundo. A atriz tem muita química com Art (Jamie Foxx), criando uma relação de pai e filha que funciona tanto nos momentos sérios quanto nos mais descontraídos, incluindo críticas sociais à forma como o sistema funciona. Foxx ainda protagoniza ótimas sequências de ação, principalmente as que envolvem combate corpo a corpo, resultando em momentos eletrizantes e tensos.

Frank (Joseph Gordon-Levitt) acaba sendo o mais destacado do trio protagonista. Ele apresenta um grande potencial como o policial que quebra as regras, mas não ganha tanto foco durante o longa, funcionando apenas como um ajudante da dupla. Já o excêntrico Biggie (Rodrigo Santoro), fica no meio termo entre um vilão e um recurso expositivo, sendo desperdiçado pelo roteiro – apesar de se destacar quando está em cena graças à presença do ator.

Mesmo apresentando uma construção de universo envolvente e personagens interessantes, o filme se perde no terceiro ato com uma missão final pretenciosa. O que era pra ser uma grande sequência de ação torna-se longa e cansativa, fugindo um pouco da proposta inicial.

Com uma ideia diferenciada, Power chama atenção e apresenta potencial, mas comete alguns erros ao longo do caminho, deixando a sensação de que poderia ser melhor. Mesmo não sendo perfeito, a tentativa de produzir algo original ainda é válida, trazendo uma nova perspectiva para histórias de pessoas com habilidades especiais.

Crítica | Power
A produção original da Netflix traz uma nova visão à temática de superpoderes, com uma proposta muito interessante, mas que acaba se perdendo no último ato.
3.5

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