Crítica | Resgate

Escrito por: Gabriel Santos

em 09 de maio de 2020

Em 2011, Chris Hemsworth ficou conhecido no mundo todo por interpretar o personagem Thor, no MCU. Por mais que seja difícil desassociá-lo da imagem de Deus do Trovão, o ator vem participando de outros projetos para mostrar sua versatilidade, como o talento para a comédia e, agora, seu potencial como herói em filmes de ação – sem poderes.

O longa da Netflix, além de ser produzido pelos Irmãos Russo – com quem o astro já trabalhou em produções da Marvel Studios -, é escrito por Joe Russo, baseado na graphic novel Ciudad, de Ande Parks. Na trama, o mercenário Tyler Rake tem a missão de resgatar o filho de um barão de drogas, em Dhaka.

A princípio, temos a impressão de que a missão do protagonista é muito fácil, pois ele rapidamente resgata Ovi Mahajan (Rudhraksh Jaiswal). Porém, o filme se propõe a ir além e desenvolve a relação entre eles nos momentos de calmaria. Os diálogos da dupla têm muito a dizer sobre seus passados, desconstruindo a imagem que temos deles. Isso fica ainda mais explícito no personagem de Hemsworth, apresentado inicialmente como um homem bruto e corajoso. O caminho que a trama segue é previsível, mas as cenas dramáticas funcionam muito bem graças a entrega dos atores. Outro ponto interessante é a tentativa do longa em humanizar alguns dos antagonistas através de uma abordagem semelhante a de Sicario: Dia do Soldado. Já os personagens de Golshifteh Farahani e David Harbour contam com potencial, mas não tem tempo de serem melhor desenvolvidos.

A direção é do estreante Sam Hargrave, que tem um extenso currículo como coordenador de dublês (incluindo filmes da Marvel Studios). Portanto, já era esperado que Resgate tivesse destaque para as sequências de ação, só não imaginava que o resultado seria tão impressionante. Aqui há o uso de câmera na mão para acompanhar as cenas de luta, colocando o espectador praticamente dentro da história. Ela é movimentada livremente e com muita fluidez, e passa por lugares de difícil acesso, nos fazendo pensar como aquilo foi feito levando em conta a dificuldade técnica. Além dessa imersão, vale destacar as coreografias nos combates corpo a corpo, que chegam a lembrar John Wick pelo uso de elementos ao redor para enfrentar os oponentes. O grande destaque fica para um longo plano-sequência de perseguição, que começa dentro de um carro e passa por andares e prédios diferentes. Essa já é uma das principais cenas de ação do ano, e o filme como um todo não deve nada aos grandes blockbusters lançados nos cinemas.

Com um final aberto, Resgate parece tentar emplacar uma nova franquia de ação, que tem potencial suficiente para colocar Hemsworth na mesma posição de outros astros de filmes do gênero, como Keanu Reeves e Tom Cruise. É bom ver, para variar, o ator em uma produção onde seu papel não é reduzido apenas ao galã, alívio cômico ou aos dois. Fico curioso para descobrir até onde esse projeto pode ir e quais serão as próximas missões de Tyler Rake.

Crítica | Resgate
O longa se destaca pelas imersivas sequências de ação, principalmente pela coreografia das lutas. Hemsworth prova ser um grande nome para os blockbusters de ação, mesmo sem super-poderes.
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