Crítica | Sonic: O Filme

Escrito por: Gabriel Santos

em 16 de fevereiro de 2020

Provavelmente você já deve ter ouvido falar do Sonic. O mascote da SEGA surgiu em 1991, no Mega Drive, e vem ganhando jogos até hoje. Não só isso, ele também está presente em outras mídias, como animações e quadrinhos, mas esta é a primeira vez que o ouriço azul ganha um longa live-action para chamar de seu. Mesmo que a adaptação para o cinema não seja uma tarefa fácil, o projeto liderado pelo estreante Jeff Fowler se esforça para agradar as crianças desta geração e aqueles que cresceram com os títulos do personagem. Nesta aventura, o protagonista vem parar na Terra após fugir de uma ameaça em seu mundo, vivendo de forma solitária. Porém, quando sua vida corre perigo, ele precisa unir forças com o policial Tom Wachowski (James Marsden) para escapar do Dr. Ivo Robotnik (Jim Carrey).

Desde os créditos iniciais, onde as estrelas da vinheta de abertura da Paramount Pictures são substituídas por anéis, é possível perceber que o filme será repleto de referências e easter eggs aos jogos clássicos. O fator nostalgia pesa bastante e agrada facilmente qualquer fã, entretanto, a produção não se sustenta apenas nisso. Assim como nos anos 1990, quando surgiu como alternativa jovem e moderna no mundo dos jogos – em contraponto ao Mario, da Nintendo -, o ouriço azul dos cinemas traz a mesma ideia, acompanhando as tendências desta geração.

O protagonista está muito bem representado na tela, mantendo sua personalidade hiperativa, aliada a sua velocidade – esta, por sua vez, exposta de forma competente, mas pouco original. Além de divertido e fofo, Sonic está muito falante, sempre fazendo ótimos comentários e observações, que funcionam na maioria das vezes. Sua amizade com Tom soa legítima e convincente, pois os dois contam com características em comum e têm motivos para se ajudarem, trabalhando temas como pertencimento. Já o personagem de Marsden é apresentado como alguém tão benevolente e altruísta que é difícil de acreditar que ele realmente exista, apesar de fazer sentido dentro da proposta. A interação entre os dois lembra produções como Uma Cilada Para Roger RabbitAs Aventuras de Alceu e Dentinho e até Space Jam: O Jogo do Século, principalmente pelo visual cartunesco do ouriço.

O estúdio tomou a melhor decisão ao abandonar a ideia de criar o Sonic de forma realista, deixando-o com uma aparência que lembra a imagem que temos dele nos jogos. Graças a isso, suas expressões faciais e corporais ficam mais condizentes com o tom leve e descompromissado, que se encaixaria bem na Sessão da Tarde. Os efeitos visuais estão na medida certa para que a interação com as pessoas e o ambiente funcione, além de render sequências de ação empolgantes.

Mesmo que o filme seja do Sonic, quem realmente rouba a cena é o excêntrico Robotnik de Jim Carrey. O vilão consegue ser ainda melhor que sua versão original, pois o longa consegue atualizá-lo, tornando-o mais que um chefe de fase. Carrey está simplesmente incrível e muito à vontade, através de seu humor físico característico e muita presença. A escalação é um grande acerto, fazendo com que a gente queira ver mais do personagem. Certamente, entra pra lista de papéis icônicos do ator, ao lado de Grinch, Ace Ventura, Máscara e outros.

Infelizmente, nem tudo são flores no live-action, deixando a desejar em alguns elementos, principalmente no roteiro. Entre eles está a tentativa sempre frustrada de forçar um drama, assim como a conveniência de acontecimentos para facilitar o desenvolvimento da história. Ainda há decisões questionáveis por parte dos personagens e sequências onde a trama não avança, perdendo o sensação de urgência. O filme poderia ter alguns minutos a menos de duração e mais do embate entre Sonic e Robotnik. Além disso, também seria ótimo se víssemos mais do mundo do ouriço azul, já que ele aparece apenas em um flashback inicial, sem uma resolução dos eventos.

Mesmo com alguns tropeços durante seu percurso, Sonic: O Filme ainda é uma ótima adaptação do mascote da SEGA para os cinemas. Ele pode parecer um pouco bobo e infantil às vezes, mas também entrega momentos que vai deixar o coração de qualquer fã aquecido. Com um final agradável e uma cena pós-créditos promissora, fica a torcida para que o longa vá bem nas bilheterias e uma sequência seja confirmada. Ainda há muito o que explorar nesse universo e esta história de origem é um bom ponto de partida para a próxima fase.

Crítica | Sonic: O Filme
A adaptação para os cinemas é leve e descompromissada, funcionando como um bom filme da Sessão da Tarde. O ouriço está bem representado, mas quem realmente rouba a cena é Jim Carrey em mais um papel icônico.
3.5

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