Crítica | Uma Quase Dupla

Escrito por: Pedro Henrique Figueira

em 14 de julho de 2018

As comédias com duplas de policiais não são novidade no mercado cinematográfico. Anjos da Lei e As Bem Armadas são alguns exemplos, com o intuito de serem divertidas. E Uma Quase Dupla, a nova aposta brasileira nesse gênero, tenta criar boas piadas e situações cômicas, mas erra no tom de humor utilizado.

Na trama, Keyla (Tatá Werneck) e Cláudio (Cauã Reymond) são dois policiais que não têm nada em comum, mas se veem obrigados a trabalhar juntos quando uma série de assassinatos começa a acontecer, na pacata (fictícia) cidade de Joinlândia.

roteiro é desenvolvido de forma despretensiosa, sem trazer uma trama de suspense densa – já que se trata de uma comédia. Assim, o humor é onde o filme mais deveria se destacar. Porém, aqui acontece exatamente o contrário: o que deveria ser engraçado se torna, em vários momentos, sem timing ou incômodo.

Ao optar pelo humor físico e escatológico, muitas das cenas se tornam desconfortantes, perdendo a chance de fazer o espectador se divertir de verdade. Eles já foram utilizados várias vezes no cinema, mas aqui eles não conseguem se tornar algo que arranque risadas.

Existem poucos momentos em que o filme realmente faz rir. Muitos deles são da dinâmica entre os protagonistas. Keyla e Cláudio não conseguem se entender, e isso cria situações engraçadas e que aos poucos vai desenvolvendo os personagens. O erro maior fica quando o roteiro estabelece uma relação entre eles, que nunca havia sido sugerida em tela.

Tatá Werneck e Cauã Reymond cumprem seus papéis. Ela traz muito do seu lado comediante para a personagem, utilizando trejeitos que no começo são engraçados, mas que depois se tornam repetitivos. E ele interpreta bem o papel do bonitão imaturo, se tornando um personagem divertido.

Um ator que merece destaque é Alejandro Claveaux, que interpreta Augusto – um médico legista. O personagem dele não é bem desenvolvido na trama, mas ele traz uma ótima interpretação em uma cena com os protagonistas.

Rodrigo Monte traz uma boa fotografia, que destaca bem o clima de tranquilidade que paira sobre a pequena cidade. Isso ajuda a entender o porquê dos assassinatos serem algo tão incomum para os moradores. Além disso, as cenas dos crimes são visualmente bem elaboradas, tendo, ao mesmo tempo, um teor macabro e cômico.

Apesar das boas atuações e de momentos divertidos, Uma Quase Dupla erra no seu maior objetivo: fazer rir. Uma comédia que traz um resultado final pouco satisfatório.

Crítica | Uma Quase Dupla
Uma Quase Dupla é uma comédia que poderia ter dado certo, mas que erra no tom de humor utilizado para divertir o seu público.
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