Crítica | Wolfwalkers

Escrito por: Gabriel Santos

em 14 de fevereiro de 2021

Em dezembro de 2020, a plataforma Apple TV+ lançou um longa animado que é uma verdadeira obra de arte e já está começando a receber seu devido reconhecimento com indicações em premiações, incluindo o Globo de Ouro. Coproduzido pelos estúdios Cartoon Saloon e Mélusine ProductionsWolfwalkers é dirigido por Tomm Moore e Ross Stewart, sendo o terceiro projeto da Trilogia Folclórica Irlandesa, junto com Uma Viagem ao Mundo das Fábulas e A Canção do Oceano. Na trama, ambientada em 1650, a jovem aprendiz de caçadora Robyn chega na Irlanda com seu pai para exterminar uma alcateia, mas muda de opinião quando conhece Mebh, uma garota que possui a habilidade de se transformar em lobo quando dorme.

Um dos pontos que mais chama atenção nessa obra é seu estilo de animação. Enquanto os grandes estúdios de Hollywood vêm abandonando o 2D tradicional e apostando na computação gráfica, aqui temos um visual diferenciado de encher os olhos. Os personagens são desenhados à mão e, curiosamente, é possível até notar os traços dos rascunhos em algumas cenas. Há uma preocupação nos enquadramentos, fazendo com que cada plano seja uma pintura, além de uma movimentação fluida. Também se destaca o design dos personagens, que possuem muita personalidade, e do universo criado, inspirado na cultura celta.

Ainda sobre a construção de mundo, a atmosfera também é enriquecida pela edição de som, dando vida ao ambiente, principalmente nas sequências da floresta. A excelente trilha sonora original de Bruno Coulais e do grupo folk Kíla ajudam a injetar emoção na trama, desde os momentos mais tensos e energéticos até os mais melancólicos e dramáticos. Em especial, destaco a versão de Running with the Wolves, da cantora norueguesa Aurora.

Sobre os personagens, todos são carismáticos, possuindo relações entre eles muito fortes. No centro de tudo existe a bonita amizade entre Robyn e Mebh, mas também é muito bem construído o vínculo da protagonista com o pai e da menina selvagem com os lobos e a mãe. Aliás, todo o misticismo em torno dos Wolfwalkers é visualmente bem trabalhado e um dos maiores atrativos do filme.

Wolfwalkers merece todo o reconhecimento que vem recebendo e deve brigar com Soul nas categorias de Melhor Animação nas premiações deste ano, incluindo o Oscar. É uma obra tocante e com muita sensibilidade, entregando um resultado acima da média entre outros longas animados de 2020.

Crítica | Wolfwalkers
A animação possui um visual belíssimo, com personagens carismáticos e uma bonita mensagem.
5

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