Okja pode ser o melhor filme original da Netflix?
A nova produção original da Netflix aposta na amizade entre uma garota e seu peculiar animal de estimação para contar uma história maior, que nos faz refletir, de forma crítica, sobre o mundo que vivemos. Okja é uma de muitas “superporcas”, como o próprio filme chama, criada em laboratório para enriquecer uma grande corporação através da venda de sua carne, que promete ser saudável e suculenta.
O animal criado por computação gráfica é totalmente crível, tanto na sua interação com os personagens e elementos em cena quanto pela sua própria textura, com detalhe até para os pequenos fios de pelo em sua pele. Sua respiração e a forma que se movimenta são reais o suficiente para acreditarmos que ela está viva. Só lembramos que se trata de CGI pelo animal não existir na vida real.
Mikha, interpretada por An Seo-Hyun, é uma criança corajosa que passa por situações além de seu alcance para proteger Okja. Em muitos momentos ela se vê confusa e insegura, como alguém da sua idade estaria, mas sempre movida pelo desejo de proteger sua amiga.
Tilda Swinton funciona muito bem como a principal antagonista da trama, usando seu poder e influência para conquistar seus objetivos. Outro que também se destaca é Jake Gyllenhaal, que faz um personagem bem diferente de seus outros papéis, interpretando um apresentador excêntrico. O elenco ainda conta com Lily Collins, Steve Yeun, Paul Dano e Giancarlo Esposito, mas o pouco tempo em tela e a falta de desenvolvimento dos personagens os deixam em segundo plano.
Os primeiros minutos focam em estabelecer o vínculo entre Mikha e Okja, que vive com seu avô em uma pequena fazenda nas montanhas. Enquanto este momento é mais contemplativo, o segundo ato traz mais movimentação, inclusive contando com sequências de ação e perseguições.
Ainda neste ato, é inserido um grupo ativista contra maus-tratos aos animais, que ajuda a protagonista, até então sozinha em meio ao caos urbano. É então que o longa sofre uma queda de ritmo e passa a ter diálogos expositivos demais, preocupados em explicar a situação, mas que poderiam ser resolvidos de forma mais dinâmica.
O último ato conta com um grande cerimônia que mobiliza toda cidade, além de chocar o público com o destino final dos “superporcos”. Este é o momento em que a crítica do filme mais se faz presente, pois além dos discursos dos personagens, ele nos mostra, literalmente, o que quer passar.
É nítido que existe um senso de denúncia à crueldade aos animais, alimentos transgênicos e corporações que só pensam em lucrar acima de tudo, e todas esses alertas instigam o espectador à uma reflexão. Não que exista uma tentativa de transformar as pessoas em veganas ou algo do tipo, mas é quase impossível não se sensibilizar com o que é exposto.
Okja consegue cativar através de seus personagens e ainda discutir problemas que, muitas das vezes, não damos tanta importância. Sua qualidade técnica nos conduz a uma história sensível e emotiva, que pode ser considerada um dos melhores filmes originais da Netflix.
Okja
Comentário do Crítico
Com um trabalho surpreendente no uso do CGI, Okja não pretende apenas contar uma história de amizade, como também trazer uma reflexão para o público. Uma produção original Netflix que não deixa nada a desejar.