Umbrella | Entrevista com a diretora Helena Hilario

Escrito por: Gabriel Santos

em 07 de janeiro de 2021

Quando pensamos em curtas animados, a primeira empresa que nos vem à cabeça talvez seja a Disney/Pixar. O estúdio investe bastante nesse tipo de narrativa, seja pelos seus lançamentos junto com os longas, como aconteceu com Bao, ou iniciativas como o Sparkshorts Short Circuit, disponíveis no Disney+.

Uma das premiações que mais dá visibilidade para essas histórias é o Oscar com a categoria Melhor Curta-Metragem de Animação, que em 2020 foi para Hair Love, da Sony Pictures Animation. O projeto de Matthew A. Cherry fez tanto sucesso que vai ganhar uma série no HBO Max – leia mais.

Em 2021, essa categoria do Oscar será ainda mais especial para os brasileiros, pois é a primeira vez que o país tem um curta animado qualificado para a premiação. Umbrella, dirigido por Helena Hilario e Mario Pece, é um projeto independente do estúdio Stratostorm e já passou por 19 festivais. De acordo com Helena, o resultado final só foi possível por conta do planejamento:

“Todas as etapas foram desafiadoras, começando por termos uma equipe super pequena, com limitações, e por termos decidido produzir o curta de uma forma independente. Tivemos muitos desafios técnicos e artísticos para fazermos o Umbrella um projeto único e especial, e fomos encontrando soluções ao longo do caminho. Uma produção independente requer bastante planejamento de produção, planejamento financeiro e estratégico, pois além dos desafios é também um risco. Muitas variáveis precisam funcionar em perfeita sincronia para o projeto dar certo.”

Na trama, acompanhamos Joseph, um menino que vive em um orfanato e, por memórias afetivas, sonha em ter um guarda-chuva amarelo. O roteiro foi escrito em dezembro de 2011 e é inspirado em uma situação vivenciada pela irmã de Helena:

“Ela foi até um Lar de Crianças para doar brinquedos e um menininho pediu por um guarda-chuva. Ela estranhou, pois o dia estava bonito e ensolarado, mas ele insistia. Quando ela finalmente concordou em levar, descobriu que ele tinha memórias afetivas muito duras e marcantes, e que de fato um simples guarda-chuva era muito importante para ele, muito mais do que poderíamos imaginar.”

A partir desse evento, Helena e Mario Pece, seu marido e companheiro de trabalho, decidiram escrever o roteiro, mas sem adaptar a história real. Segundo a diretora, a ideia era torná-la universal e mostrar a importância de escutar o próximo:

“Queríamos transformar essa dor em arte e levar uma mensagem de que não devemos julgar as pessoas sem conhecer a história e a batalha que cada um está passando, e que não devemos nos tornar pessoas ruins a partir de situações negativas que passamos na vida. Idealizamos, então, uma curta-metragem de animação sem diálogo. O desafio foi contar a história em oito minutos e encontrar os elementos certos na música, na animação, na direção de arte e no CGI em geral, que foram fundamentais para passar todos os sentimentos e emoções que estavam no roteiro.”

Helena trabalha com o marido desde 2010 e Umbrella foi o primeiro curta que dirigiram juntos. Ela conta que a experiência foi maravilhosa:

“Sempre trabalhei com pessoas criativas, mas sempre fiquei na parte de produção. Porém, tudo no projeto é muito pessoal, então o processo criativo foi muito colaborativo entre nós e todos os artistas e profissionais que colaboraram para trazer o projeto à vida. Está sendo um sonho poder levar essa mensagem tão bonita e de uma forma tão delicada ao redor do mundo. Temos muito orgulho dessa obra de arte que criamos, todos com muito comprometimento, dedicação e carinho.”

Umbrella será lançado oficialmente no dia 7 de janeiro, no YouTube, e ficará disponível até o dia 21 de janeiro.

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