VFX Rio | Equipe de Efeitos Visuais fala sobre os desafios na novela Deus Salve o Rei

Escrito por: Gabriel Santos

em 13 de dezembro de 2018

No início de dezembro, o Museu de Arte Moderna recebeu a equipe de efeitos visuais da novela Deus Salve o Rei para contar todos os segredos desta ousada produção da Rede Globo. O painel, que fez parte do evento VFX Rio, contou com a presença dos supervisores de efeitos visuais Alexandre Rillos, Rafael Ambrosio e José Almeida Jr., do diretor Bernardo Sá, além do diretor artístico Fabrício Mamberti via Skype.

Durante o painel foram apresentadas questões que começaram na pré-produção, como pesquisa histórica, captação de imagens da Europa e até a escolha da paleta de cores para os reinos que assistimos na televisão. A equipe ainda disse como lidou com problemas de orçamento, que teve um valor menor que o da novela anterior: Pega Pega. Um dos recursos usados para isso foram as extensões cenográficas: foi construído apenas parte do cenário, enquanto o CGI complementava a composição. Também haviam áreas estratégicas dos ambientes onde os atores contracenavam.

Outro grande desafio para o time foi o prólogo da novela: uma cena de batalha em super freeze. Para que a ideia funcionasse, utilizaram efeitos práticos para levitação enquanto os cavalos que aparecem na sequência foram modelados do zero.

Durante todos os 174 capítulos, foram usados mais de 1 milhão de arquivos, resultando em 20 TB. A equipe, que normalmente conta com sete pessoas, precisou de 35 para este projeto. Outra diferença presente nesta produção está relacionada ao tempo de preparação. Rafael Ambrosio nos contou, após a apresentação, que a aprovação de Deus Salve o Rei aconteceu com um ano de antecedência. A produção de uma novela acontece, normalmente, três meses antes de lançar.

A equipe ainda se mostrou otimista em relação a novela, dizendo que ela abriria portas para outros projetos na emissora, que também utilizem efeitos visuais, como Ambrosio nos contou:

“A gente acredita muito nisso. Óbvio que a gente não faz o efeito por efeito, a gente depende de projetos que permitam isso. A gente aposta que alguns projetos vão surgir, como ficção científica. Alguma coisa, enfim… Viabilizar esses projetos que hoje estão engavetados por conta disso. Dez anos atrás nem se falava, porque não tinha como fazer isso no Brasil. O pessoal agora já pensa: ‘vamos estudar essa possibilidade’. A gente já está olhando um pouco mais pra isso”

Ele ainda comentou sobre como o Brasil está em relação ao mundo neste mercado de efeitos visuais, revelando que o país está cada vez mais se aproximando das grandes produções hollywoodianas:

“O abismo era muito maior em termos de tecnologia, em termos de acesso. Conhecimento a gente já chegava um pouco perto, agora a gente está bem perto desse pessoal. Pela estrutura da Globo, pelo equipamento, pelo knowhow que a gente tem, a gente está cada vez mais diminuindo esta lacuna. É só uma questão de investimento, uma questão de crença. É o mercado nacional que tem que não só acreditar no efeito visual como acreditar no audiovisual em si.”

Por fim, Rafael Ambrosio também comentou sobre as referências da novela, que não inclui Game of Thrones como a internet previa:

“A novela Deus Salve o Rei não tinha Game of Thrones como referência, só que óbvio que se tratando de uma novela de época e se tratando de tema medieval a comparação ia surgir. Ela tinha outras referências, mas não essa. Chegava até Vikings se eu não me engano, mas não referência de efeito visual, [mas sim] uma referência de paleta, de fotografia. Isso norteou um pouco a nossa cenografia virtual nossos personagens”.

José Almeida Jr. ainda completou nos contando que o horário em que a novela era exibida não permitia que eles explorassem tanto o tom dessas séries. O motivo era a classificação indicativa:

“[…] Até porque era uma novela das sete, né? E uma novela das sete não podia ter muita violência. As séries lá de fora são baseadas em violência. Violência, sexo, a nossa não tem nada disso, é mais romântica, então não tinha como comparar uma com a outra.”

VFX Rio aconteceu entre os dias 3 e 5 de dezembro, na Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. A Globo também levou para o evento os supervisores de efeitos visuais da série Ilha de Ferro (clique aqui para ler nossa matéria).

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